sábado, 26 de março de 2011
A MINHA ESTRELINHA
Fui até ao horizonte
Descobri que não há infinito
Descansei no meio de um deserto
E emudeci este profundo grito
Calei a alma
Aprisionei o sentir deste estúpido coração
Mergulhei o corpo em agua dormente
E lembrei-me de uma esquecida oração
De quantas palavras se faz a melodia?
Para onde caminham os passos de uma criatura perdida?
O que será que pensa um homem caído?
Para que serve a verdade incontida?
Perdi a vela do meu barco de papel
Mil tempestades assolaram-me à alma
Abandonei o leme ao deus dará
E encontrei uma deusa em lágrimas, de perdida chama
Quem és?
Nesta tua demanda de contradição
Porque achas que o sentido existe ao amanhecer
Porque a noite te rouba a razão?
Este poeta não presta
Este poeta perdeu a palavra certa
Este poeta não acredita mais
Este poeta traçou à navalha a poesia e deixou-a incompleta
Mundo de cinzas pintado!
Fui ao mar alto na procura de uma afogada dor
Encontrei-me na pessoa só que sempre fui
Senti frio, não procurei o calor
Plantei hoje uma semente de futuro
Lembrei-me que as vinhas de folhas se cobriram
Este cálice de amargo vinho, bebi-o de um trago
As andorinhas do mar comigo partiram
Uma andorinha do mar
Sem pedra para poisar
Sem pena de penas perdidas
Voando sem procura do encontrar
E olho para este céu escuro como breu
Há um aguaceiro que se avizinha
Na procura do que julguei ser a claridade
Apagou-se...A Minha Estrelinha...
segunda-feira, 21 de março de 2011
ESTE LUGAR DENTRO DE MIM
A espuma de uma onda breve
Cobre o negro basalto do fim da ilha
Deixa a palavra saudade tatuada
Em sal azul de nostalgia
Mil silêncios percorrem este deserto
Uma casa olha-me no olhar de entreaberta janela
Um papagaio faz de conta que sabe falar
Gagueja a preceito a palavra amar
Encontrei hoje o dono do assobio
Ausentou-se do caminho o louco caminhante
A chuva voltou envergonhada para as nuvens
O relógio marcou o futuro adiante
As raízes de uma camélia
Prenderam-se aos trincos da minha memória
Lancei as sortes ao celeste cheio de fé
Caíram no correr de um ribeiro que chora
Um valsa valsou descontrolada
Um Arlequim riu que se fartou
Uma dama tonta perdeu a máscara
O Absinto num cálice ao chão tombou
O feitiço e o homem
O cruel chicote estalando no ar
Um barco navegando ao contrário
Fugindo ao sitio onde mora o chegar
Alma desencontrada
Entre este mundo e...a existência verdadeira
A mim chegam os lamentos
Da partida derradeira
Esta força, este meu peito que ameaça explodir
Este querer não querendo, este não saber sabendo
Esta sede que me arroxa o beber
Estas palavras ditas tantas que não entendo...
...Que percorrem o caminho entre a alma e a desventura
Brotam de uma plantada formosura
Vêm envoltas numa lágrima fugida ao sentimento
Que saiu de um coração da cor da ternura
Que loucura é esta que que sinto
Que me faz caminhar entre todos os princípios na fuga do fim
Toda ela transformada em amor e dor
Guardada...Neste Lugar dentro de mim...
segunda-feira, 14 de março de 2011
ESTE MUNDO NÃO É MEU
Cobri o meu mundo com um negro manto
Gerado na minha alma
Julguei que ele me entendesse
Mas não, soprei finalmente uma réstia de acesa chama
Apaguei a luz que criei em sortilégio
Gritei mudos pesares e lancei ao mar
Os destroços de mil sonhos
Espero nunca ninguém os possa encontrar
As sereias zombeteiras soltam gargalhadas em despudor
As gaivotas voam tristemente sobre a ilha
Quem disse que este rochedo era belo
Quem confundiu o degredo com a maravilha?
Quem se enganou na procura do amor
Quem tristemente inventou a paixão
Quantas palavras de verdade te direi
Para chegar ao teu terno coração?
Nenhuma!
As palavras são areia perdida na areia
São asas soltas de pássaro mudo
São a parte do som que acho mais feia
Morrem as flores na noite
Errantes aromas toldam-me a lembrança
Arranquei estas vestes de frio agasalho
Enterrei num buraco sem fundo esta tonta esperança
Estrondosamente caminha a vida
A estupidez deu frutos de sabor amargo
Ungi uma pena com água salgada
Não sou um santo tampouco um mago
Sei lá o que sou
Se assim é quem saberá?
Mas a quem interessa saber
Sou uma alma por quem nunca ninguém chorará
Ainda bem!
Já ensaiei tantas vezes a partida
Tenho os olhos cheios de almas errantes
Tenho a certeza que a minha nunca andará perdida
Sei de onde vim, para este lado
Conheço todos os karmas até o de um ateu
Que pena ninguém nunca ter sabido quem eu era
Neste Mundo...que não é Meu...
terça-feira, 8 de março de 2011
A PONTE PARA O DESTINO
Pedra sobre pedra
Sobem os muros ao encontro do azul
Ouvi um pio de profundo chamamento
Pareceu-me vir dos lados do sul
Um Milhafre
Uma Ave tão cheia de mistério
Penas planando do alto da ilha
É tão profundo o amor, tão sério
De penas vesti as minhas dores
Cruzei mares, enfrentei tempestades
E percorri meio mundo na procura do encontro
Sonhei lendas numa baía das Sete Cidades
Vesti mil roupagens
Usei os disfarces que encontrei no meu baú
Pintei o rosto das cores da verdade
Perdida no meio das vestes uma foto, eras tu
Toquei este roto tambor
Soprei uma corneta desafinada
Dancei uma dança sem sentido
E com tudo isso não senti quase nada
Mas o que esperava sentir
Este poeta sem penas de espanto
Talvez um arlequim triste
Que mistura a água da chuva com pranto
Máscaras
Às vezes dá jeito tapar o rosto
Às vezes fica sentada no tempo uma alma
No anunciar de um Sol-posto
E chove, o verde continua a sorrir
As vagas chegam de longe, um rumor
Uma gaivota perdeu-se do ninho
Um santo olha-me com pena do alto do andor
Andei, nunca contei meus passos
Nunca falhei um rumo no pensamento
Nunca parei para olhar as estrelas
Nunca dormi na sombra por um momento
E em passo estugado caminhei firme
Sou alguém que vive em constante desalinho
Na procura do que a minha alma ordena
Atravessarei esta...Ponte para o Destino...
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