
És uma flor apertada no desamor
Uma menina que amei sem preconceito
Vivemos no sonho um ninho de maçãs maduras
Tinhas no olhar a ternura e uma branca paixão no peito
Um arauto falou-me de infortúnio
Procurei-te numa fúria molhada pelas marés
É no estio que o coração corta as palavras
Olhei-te do alto de um altaneiro convés
Olhos de branca Garça...
Nas madrugadas perdi-me no canal
Erigimos um lugar para a lembrança
Na espera, negociei com os deuses um final
Rasguei a propositada brancura do papel
No intrínseco verde dos pastos inesgotáveis
Fiz um tapete de frescas hortências para te amar
Fiz mil orações para te encontrar
Pintemos depressa montanhas fora do alcance dos fantasmas
Aprisionemos as águas que separam nossos corpos
Assim como vamos ao encontro do passado
Abraça-me, é assim que construo as casas, com cuidado
Houve tanta noite nos meus dias
Houve tanta madrugada de luz fria
Houve tanta saudade, nostalgia
E uma lembrança que em mim sorria
Haverá sempre a chegada das marés
Dor, alegria, mágoa, frágua
E um porto de alegre espera
Onde...Tem o Poder da Água a Palavra...